14/08/2025
Revisado em: 14/08/2025
Conheça as etapas do diagnóstico do câncer de próstata, dos exames iniciais à biópsia, e tome decisões mais seguras sobre sua saúde.
A chegada dos 50 anos traz consigo um marco importante para a saúde masculina: a conversa sobre o rastreamento do câncer de próstata. Para muitos homens, esse é um momento cercado de dúvidas e, por vezes, de receio em relação aos exames. Por isso, entender como é feito o diagnóstico do câncer de próstata é a melhor forma de desmistificar o processo e tomar decisões informadas junto ao seu médico e cuidar da saúde de forma proativa.
A principal característica do câncer de próstata em sua fase inicial é o silêncio. Na grande maioria dos casos, a doença se desenvolve lentamente, sem causar qualquer sintoma perceptível.
Essa ausência de sinais de alerta alimenta a perigosa ideia de que "se não sinto nada, então está tudo bem", que é um dos principais motivos para o diagnóstico tardio. Por essa razão, a avaliação médica preventiva, baseada em idade e fatores de risco, é tão fundamental.
Quando os sintomas finalmente surgem, isso costuma indicar que o tumor já cresceu o suficiente para comprimir a uretra (o canal que transporta a urina). Essa compressão causa as alterações urinárias mais conhecidas, como dificuldade para iniciar a micção, jato mais fraco que o habitual, sensação de não esvaziar completamente a bexiga e a necessidade de se levantar várias vezes à noite para urinar (noctúria).
Em alguns casos, podem ocorrer sinais mais alarmantes, como a presença de sangue na urina (hematúria) ou no sêmen (hematospermia). No entanto, é importante entender que todos esses sintomas também são extremamente comuns na hiperplasia prostática benigna (HPB), um aumento não cancerígeno da próstata que afeta a maioria dos homens com o envelhecimento.
Essa é uma das dúvidas mais importantes e a resposta é um alívio para muitos homens: um PSA alto, na maioria das vezes, não significa câncer. Para entender o porquê, é preciso saber o que é essa substância.
O PSA (Antígeno Prostático Específico) é uma proteína produzida exclusivamente pela próstata, com a função de liquefazer o sêmen, sendo normal que uma pequena parte dela "vaze" para a corrente sanguínea. Um resultado elevado no exame de sangue para detectar câncer indica que algo está fazendo com que mais PSA entre na circulação, mas não aponta a causa.
Diversas condições benignas e até mesmo atividades cotidianas são motivos comuns para essa alteração, como o aumento natural da próstata com a idade (Hiperplasia Prostática Benigna), uma inflamação ou infecção na glândula (prostatite), ou até mesmo estímulos recentes, como atividade sexual ou andar de bicicleta.
Por essa complexidade, o urologista experiente não se baseia em um resultado isolado, mas sim em uma análise mais detalhada que considera outros fatores. Um deles é a velocidade do PSA, que avalia a rapidez com que os níveis sobem ao longo dos meses ou anos. Um aumento súbito e acentuado, por exemplo, é mais preocupante do que uma elevação lenta e gradual.
Além disso, o médico pode avaliar a relação entre o PSA livre e o total no sangue, isso porque o câncer de próstata tende a produzir mais PSA ligado a outras proteínas, portanto, uma baixa porcentagem da forma "livre" pode aumentar a suspeita.
São esses cálculos e a análise do quadro completo do paciente que ajudam a refinar o diagnóstico e a decidir se próximos passos, como uma biópsia, são necessários.
O toque retal é, sem dúvida, um dos exames que mais gera desconforto e hesitação entre os homens, muitas vezes por falta de informação.
No entanto, é fundamental entendê-lo como ele é na prática: um procedimento extremamente rápido, que dura menos de um minuto, realizado com técnica e cuidado para minimizar o incômodo. Ele é feito dessa forma simplesmente porque a localização anatômica da próstata, logo à frente do reto, permite uma avaliação direta de sua superfície.
Durante o exame, o médico utiliza o dedo indicador para sentir a parte posterior da glândula, que é onde a maioria dos tumores se desenvolve. O objetivo é avaliar a consistência da próstata, que normalmente deve ser lisa e elástica, parecida com a musculatura da palma da mão na base do polegar.
Qualquer alteração nesse padrão, como a presença de nódulos, áreas endurecidas ou irregularidades, pode ser um sinal de alerta que merece investigação.
A importância deste exame está no fato de que ele e o PSA se complementam, oferecendo visões distintas da saúde da próstata. Dessa forma, enquanto o PSA funciona como um "marcador bioquímico", que sinaliza uma alteração na glândula como um todo, o toque retal é uma "análise física", que busca por alterações anatômicas localizadas. Essa diferença é essencial, pois explica por que um exame pode estar alterado enquanto o outro permanece normal.
Vale ressaltar ainda que existem casos de tumores agressivos que não produzem PSA em grande quantidade, mas que são perfeitamente palpáveis ao toque. Por essa razão, a combinação dos dois exames continua sendo a estratégia que oferece a avaliação mais segura e completa para o rastreamento do câncer de próstata.
A decisão sobre quando iniciar os exames de rastreamento deve ser sempre individualizada e discutida com um urologista. Entretanto, as diretrizes da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) servem como uma excelente referência e a recomendação geral é que os homens iniciem a conversa sobre o rastreamento a partir dos 50 anos.
Para aqueles com maior risco, a avaliação deve começar mais cedo, aos 45 anos. Este grupo de risco inclui homens negros, que têm maior incidência e mortalidade pela doença, e aqueles com parentes de primeiro grau (pai ou irmão) que tiveram câncer de próstata antes dos 65 anos. Conhecer os fatores de risco do câncer de próstata é, portanto, essencial para essa decisão.
Mais importante do que apenas memorizar as idades, contudo, é entender a abordagem atual para o rastreamento, que é a decisão compartilhada. Isso significa que a escolha de realizar os exames é feita em conjunto entre o médico e o paciente bem informado. Nessa conversa, o urologista irá expor os potenciais benefícios, como a detecção precoce de um tumor agressivo, e também os possíveis riscos, como o diagnóstico de um câncer de crescimento lento que poderia nunca ameaçar a vida.
A consulta anual com o urologista deve ser vista como um pilar do cuidado da saúde masculina, uma vez que o diagnóstico do câncer de próstata em fases iniciais é o que permite alcançar as mais altas taxas de cura. Por isso, a conversa franca com um especialista é a atitude mais inteligente e poderosa para cuidar de si mesmo.
Referências Bibliográficas:
SOCIEDADE BRASILEIRA DE UROLOGIA (SBU). Recomendações de Rastreamento do Câncer de Próstata. São Paulo: SBU, 2023. Disponível em: https://sbu-sp.org.br/publico/cancer-de-prostata-sbu-esclarece-as-novas-diretrizes-para-o-rastreamento/. Acesso em: 28 jul. 2025.
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