Corpo dolorido e febre: o que pode ser e quando procurar um médico?

Saiba as possíveis causas dessa combinação de sintomas, como aliviar o desconforto e os sinais de alerta para buscar atendimento médico.

Imagine a cena: você acorda sentindo um cansaço que parece não ter fim, músculos doloridos como se tivesse feito um esforço imenso, e a sensação incômoda de calor, indicando que a febre chegou. Essa combinação de dor no corpo e febre é um alerta comum que o seu organismo está emitindo.

Ambos os sintomas são respostas do seu sistema imunológico a uma inflamação ou infecção. A febre, caracterizada pela elevação da temperatura corporal, é um mecanismo de defesa que dificulta a proliferação de microrganismos invasores.

Paralelamente, a dor no corpo, também conhecida como mialgia, ocorre devido à liberação de substâncias inflamatórias. Essas substâncias atuam sobre os tecidos musculares, resultando na sensação de mal-estar e dor generalizada.

Quais as principais causas de dor no corpo e febre?

A combinação de febre e dor no corpo é um indicativo de que o organismo está combatendo algo. As causas podem variar de infecções comuns a doenças que exigem atenção médica. Conheça as principais:

Gripes e resfriados

As gripes e resfriados são infecções virais respiratórias, sendo a gripe causada principalmente pelo vírus Influenza. Elas se manifestam com febre, geralmente não muito alta nos resfriados, acompanhada de dores musculares, dor de cabeça, tosse, espirros e congestão nasal.

Os sintomas de gripe tendem a ser mais intensos e de início súbito, enquanto os de resfriado são mais leves e graduais.

Dengue, Zika e Chikungunya

Estas são arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. A dengue é notória por causar febre alta de início abrupto, dor de cabeça intensa, dor atrás dos olhos e dores musculares e nas articulações, que podem ser bastante severas.

Zika e Chikungunya também apresentam febre e dores no corpo, mas a Chikungunya se destaca por dores articulares mais prolongadas e intensas, enquanto Zika pode causar erupções cutâneas.

COVID-19

Causada pelo vírus SARS-CoV-2, a COVID-19 apresenta um espectro amplo de sintomas, incluindo febre, tosse seca, cansaço e dores musculares e no corpo. A dor muscular é um sintoma comum em casos leves a moderados. Outros sintomas podem incluir perda de paladar e olfato, dor de garganta e diarreia.

É importante notar que a perda de olfato ou paladar pode ser um "sinal de alerta" significativo para a presença de COVID-19, aumentando a probabilidade da doença. Embora tosse e febre sejam sintomas frequentemente associados, eles, isoladamente, não são suficientes para um diagnóstico preciso, mas podem indicar a necessidade de testes adicionais.

A gravidade da doença pode variar significativamente entre os indivíduos, desde casos assintomáticos até quadros graves que demandam hospitalização.

Outras infecções virais e bacterianas

Diversas outras infecções podem causar febre e dor no corpo. Por exemplo, a mialgia epidêmica, também conhecida como doença de Bornholm, é uma condição viral que causa dor muscular extremamente intensa, febre e, por vezes, dor de garganta. 

Essa condição, que pode dificultar a capacidade de ficar em pé ou caminhar, é frequentemente associada à infecção pelo parechovírus humano tipo 3 (HPeV3), especialmente em adultos entre 20 e 40 anos que tiveram contato com crianças doentes. 

Outra condição é a Síndrome de Mialgia Febril Prolongada (SMFP), uma manifestação rara e grave da febre familiar do Mediterrâneo (FFM). 

Caracterizada por dor muscular debilitante, febre e marcadores inflamatórios elevados, a SMFP pode durar várias semanas. Em mais da metade dos casos pediátricos (54%), a SMFP é a primeira manifestação da FFM, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento adequado. 

Infecções bacterianas, como amigdalite ou pneumonia, também podem levar a esses sintomas, geralmente acompanhados de sinais mais específicos da área afetada. Além disso, algumas outras viroses menos comuns podem gerar esses desconfortos.

Como diferenciar as causas desses sintomas?

A diferenciação entre as causas de febre e dor no corpo pode ser complexa, pois muitos sintomas se sobrepõem. Contudo, a observação de sinais específicos e a evolução do quadro podem ajudar a direcionar o diagnóstico. É fundamental procurar um médico para a avaliação correta.

Febre

A intensidade e o padrão da febre podem ser pistas:

• Gripe e Dengue: Febre alta (acima de 38°C) e de início abrupto são comuns.
• Resfriado: A febre é geralmente baixa ou inexistente.
• COVID-19: A febre pode variar de leve a alta e ser intermitente.

Dor no corpo e outros sintomas associados

Além da dor no corpo, preste atenção a outros sinais:

• Gripe: Geralmente acompanhada de tosse, dor de garganta e fadiga intensa.
• Dengue: Dores intensas nas articulações (principalmente tornozelos e joelhos), dor de cabeça forte, dor atrás dos olhos e, por vezes, manchas vermelhas na pele.
• COVID-19: Tosse seca persistente, cansaço extremo, falta de ar, e a perda de paladar ou olfato são sintomas característicos.
• Resfriado: Predominam espirros, coriza e congestão nasal.
• Mialgia Epidêmica (HPeV3): A dor muscular é extremamente severa, afetando principalmente os membros, e os níveis de creatina quinase (CK) podem permanecer normais, mesmo com dor intensa. Isso sugere que a inflamação pode estar mais nas fáscias (tecido conjuntivo que envolve os músculos) do que no próprio músculo.
• Síndrome de Mialgia Febril Prolongada (SMFP): A mialgia é um sintoma universal, frequentemente generalizada, podendo afetar pernas, panturrilhas e tendões de Aquiles. Exames de ressonância magnética (RM) podem revelar inflamação nos músculos ou nas fáscias, e a biópsia pode mostrar vasculite (inflamação dos vasos sanguíneos) principalmente nas fáscias.

Duração

O tempo de persistência dos sintomas também é um fator importante:

• Resfriado: Geralmente se resolve em poucos dias, até uma semana.
• Gripe: Os sintomas podem durar de uma a duas semanas.
• Dengue: A febre pode durar de 2 a 7 dias, mas as dores articulares e o cansaço podem persistir por semanas.
• COVID-19: A duração varia muito; em casos leves, pode ser de uma a duas semanas, mas a fadiga e outros sintomas podem se estender.
• Síndrome de Mialgia Febril Prolongada (SMFP): Diferente das crises típicas de febre familiar do Mediterrâneo, que duram no máximo 72 horas, os sintomas da SMFP podem se estender por dias a mais de seis semanas.

O que fazer para aliviar dor no corpo e febre?

Enquanto aguarda a avaliação médica, algumas medidas podem ajudar a aliviar o desconforto causado pela dor no corpo e febre:

• Repouso: O descanso é fundamental para que o corpo concentre energia no combate à infecção e na recuperação.
• Hidratação: Beber bastante líquido (água, sucos naturais, chás, água de coco) é crucial para evitar a desidratação, especialmente com a febre.
• Compressas mornas: Podem auxiliar na redução da febre e no alívio de dores musculares.
• Alimentação leve: Prefira alimentos de fácil digestão, como frutas, sopas e vegetais cozidos.
• Evitar esforço: Atividades físicas intensas ou trabalhos estressantes devem ser evitados.

É vital ressaltar que essas medidas são apenas para alívio sintomático e não substituem o diagnóstico e tratamento médico adequado.

Quando devo procurar um médico?

Embora febre e dor no corpo sejam sintomas comuns de quadros leves, é imprescindível estar atento a certos sinais de alerta que indicam a necessidade de procurar um médico imediatamente:

• Febre muito alta ou persistente: Se a temperatura for superior a 39°C ou se a febre durar mais de 3 dias.
• Sintomas que pioram: Se a dor no corpo se intensificar, ou se novos sintomas graves aparecerem, como dificuldade para respirar, dor no peito ou confusão mental.
• Piora após melhora inicial: Se os sintomas parecem melhorar e, de repente, pioram novamente.
• Manchas ou erupções na pele: Especialmente se surgirem repentinamente.
• Dor abdominal intensa: Ou vômitos persistentes.
• Sinais de desidratação: Boca seca, urina escura e diminuição da frequência urinária.
• Pessoas com condições preexistentes: Idosos, crianças pequenas, grávidas, ou quem possui doenças crônicas (diabetes, doenças cardíacas, respiratórias ou imunossupressão).

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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