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Câncer infanto-juvenil: um guia completo para pais e educadores

Entenda os sintomas, tipos mais comuns e a importância do diagnóstico precoce para aumentar as chances de cura e oferecer o melhor suporte.

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Toda mãe sabe: quando a criança não está bem, o coração aperta. O câncer infanto-juvenil é uma realidade que afeta milhares de famílias, mas a boa notícia é que, ao contrário do que muitos pensam, a maioria dos casos em crianças e adolescentes tem altas chances de cura. Trata-se de um conjunto de doenças caracterizadas pela proliferação descontrolada de células anormais em qualquer parte do corpo.

Diferentemente do câncer em adultos, que frequentemente está ligado a fatores de risco ambientais e estilo de vida, o câncer em crianças e adolescentes têm causas menos conhecidas. 

Geralmente, ele surge de alterações genéticas ou moleculares que ocorrem durante o desenvolvimento celular, muitas vezes sem uma causa externa identificável.

Como ele difere do câncer em adultos?

As diferenças entre o câncer infanto-juvenil e o câncer do adulto são significativas. No adulto, os tumores geralmente afetam órgãos como pulmão, mama e intestino, e são mais comuns em idades avançadas. Já em crianças e adolescentes, o câncer tende a envolver células do sistema sanguíneo, como leucemias e linfomas, e tecidos de sustentação, como ossos e músculos.

Além disso, o câncer em adultos costuma ter um crescimento mais lento, enquanto em crianças e adolescentes ele progride mais rapidamente. Esta velocidade exige um diagnóstico ágil e um tratamento intensivo e específico, que considera as particularidades do organismo em desenvolvimento.

Quais são os principais tipos de câncer em crianças e adolescentes?

Embora o câncer infantojuvenil seja raro em comparação com o câncer em adultos, existem tipos específicos que predominam nessa faixa etária. Conhecer os mais comuns ajuda pais e educadores a estarem mais atentos a possíveis sinais de alerta.

  • Leucemias: são os tipos mais frequentes, representando cerca de 25% a 30% dos casos. Afetam a medula óssea, responsável pela produção de células sanguíneas. A Leucemia Linfoide Aguda (LLA) e a Leucemia Mieloide Aguda (LMA) são as mais comuns.
  • Tumores do sistema nervoso central (SNC): incluem tumores cerebrais e de medula espinhal, sendo o segundo grupo mais comum. Podem causar dores de cabeça, vômitos, problemas de visão ou equilíbrio.
  • Linfomas: afetam o sistema linfático, parte do sistema imunológico. Os mais comuns são o Linfoma de Hodgkin e o Linfoma não Hodgkin, que podem se manifestar com inchaços nos gânglios linfáticos (pescoço, axilas, virilha).
  • Neuroblastoma: um tumor sólido que se desenvolve a partir de células nervosas imaturas, geralmente na glândula adrenal ou perto da medula espinhal. É mais comum em bebês e crianças pequenas.
  • Retinoblastoma: um câncer raro que afeta a retina do olho. O sinal mais comum é um reflexo branco na pupila quando a luz incide no olho, visível em fotos com flash.
  • Tumor de Wilms (nefroblastoma): um tipo de câncer renal que afeta principalmente crianças pequenas. Geralmente se apresenta como um inchaço abdominal sem dor.
  • Osteossarcoma e outros tumores ósseos: são tumores que se desenvolvem nos ossos, mais frequentemente em adolescentes e podem causar dor ou inchaço no local afetado.

Quais sintomas podem indicar câncer infanto-juvenil?

Identificar o câncer em crianças pode ser um desafio, pois os sintomas iniciais são frequentemente inespecíficos e podem ser confundidos com doenças comuns da infância. Contudo, a atenção a sinais persistentes ou incomuns é fundamental para um diagnóstico precoce.

Sinais e sintomas gerais

Alguns sinais de alerta devem ser observados. Se a criança apresentar um ou mais destes sintomas de forma persistente, é importante buscar avaliação médica:

  • Febre prolongada, sem causa aparente;
  • Perda de peso inexplicável ou dificuldade em ganhar peso;
  • Palidez, cansaço excessivo e sonolência;
  • Manchas roxas ou sangramentos sem motivo aparente;
  • Dores nos ossos ou articulações que não melhoram;
  • Gânglios (ínguas) aumentados no pescoço, axilas ou virilha, sem sinais de infecção e que não diminuem;
  • Aumento do volume do abdome.

Sinais e sintomas específicos por tipo

Alguns tipos de câncer podem apresentar sinais mais específicos:

  • Leucemia: além dos sintomas gerais, pode haver sangramentos frequentes, infecções repetidas e inchaço nas gengivas.
  • Tumores do SNC: dores de cabeça persistentes, principalmente pela manhã, vômitos frequentes, alterações visuais (estrabismo, perda de visão), problemas de equilíbrio ou fala.
  • Retinoblastoma: reflexo branco na pupila (leucocoria), estrabismo, olho vermelho ou inflamado.
  • Tumores ósseos: dor localizada no osso que piora à noite ou durante o movimento, inchaço na região afetada.
  • Tumor de Wilms: massa ou inchaço no abdome, que geralmente não causa dor.

Quando procurar um médico?

Procure um pediatra ou serviço de saúde se a criança ou adolescente apresentar qualquer um dos sintomas mencionados de forma persistente, piorando com o tempo, ou se houver uma combinação de vários sinais. 

O médico poderá investigar a causa e, se necessário, encaminhar para um especialista. A vigilância e a ação rápida podem fazer toda a diferença no prognóstico.

Qual a importância do diagnóstico precoce?

A rapidez no diagnóstico é um dos fatores mais críticos para o sucesso do tratamento do câncer infanto-juvenil. Quanto mais cedo a doença for identificada, maiores são as chances de cura e menores as sequelas a longo prazo.

Aumento das chances de cura

A detecção precoce permite que o tratamento seja iniciado em fases iniciais do câncer, antes que ele se espalhe para outras partes do corpo. 

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) reforçam que a sobrevida para muitos tipos de câncer infantojuvenil pode ultrapassar os 80% quando diagnosticados e tratados adequadamente e a tempo. Essa estatística destaca a importância da atenção constante dos pais e educadores aos sinais e sintomas.

Um exemplo notável da evolução no tratamento é a leucemia linfoide aguda (LLA) infantil. A sobrevida em 5 anos para crianças com LLA atingiu aproximadamente 90% em 2020, um avanço significativo em comparação com os 59% registrados em 1975, conforme dados de um estudo publicado na Pediatrics. 

Essa estatística reforça o impacto positivo do diagnóstico precoce e dos avanços terapêuticos.

Tratamentos menos agressivos

Quando o câncer é descoberto precocemente, as opções de tratamento podem ser menos intensivas e, consequentemente, menos agressivas para o organismo em desenvolvimento da criança. 

Isso pode significar ciclos de quimioterapia mais curtos, cirurgias menos invasivas e menor necessidade de radioterapia, reduzindo os efeitos colaterais e melhorando a qualidade de vida durante e após o tratamento.

Como é o tratamento do câncer infanto-juvenil?

O tratamento do câncer em crianças e adolescentes é altamente especializado e envolve uma equipe multidisciplinar. 

O plano terapêutico é individualizado, levando em conta o tipo de câncer, sua localização, o estágio da doença e a idade da criança. O objetivo é eliminar as células cancerosas com a menor toxicidade possível ao organismo em crescimento.

Nesse contexto, o avanço das ferramentas diagnósticas é fundamental. Atualmente, o teste genômico tornou-se uma ferramenta diagnóstica padrão para muitos casos de câncer em crianças, adolescentes e jovens adultos, permitindo uma compreensão mais profunda da doença e a personalização do tratamento.

Abordagem multidisciplinar

Uma equipe composta por oncologistas pediátricos, cirurgiões, radioterapeutas, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e assistentes sociais trabalha em conjunto. 

Esta abordagem integrada garante não apenas o tratamento da doença, mas também o suporte completo à criança e sua família, abordando aspectos físicos, emocionais e sociais.

Principais modalidades

  • Quimioterapia: uso de medicamentos para destruir as células cancerosas. É a forma mais comum de tratamento para muitos tipos de câncer infantil.
  • Radioterapia: utilização de radiação de alta energia para destruir células cancerosas ou diminuir tumores.
  • Cirurgia: remoção do tumor e de parte dos tecidos ao redor. Pode ser curativa em alguns casos ou utilizada para reduzir a massa tumoral antes de outros tratamentos.
  • Transplante de medula óssea: procedimento para substituir a medula óssea doente por células-tronco saudáveis, frequentemente usado em leucemias e linfomas.
  • Imunoterapia e terapias-alvo: tratamentos mais recentes que usam o sistema imunológico do paciente ou atacam características específicas das células cancerosas, respectivamente.

É crucial que todo o tratamento seja realizado em centros especializados em oncologia pediátrica, que possuem a infraestrutura e a experiência necessárias para cuidar de crianças e adolescentes.

Como lidar e oferecer suporte à criança ou adolescente com câncer?

Receber um diagnóstico de câncer na família é um momento de grande impacto. No entanto, é possível lidar com a situação de forma a oferecer o melhor suporte emocional e prático à criança ou adolescente, e também aos familiares.

Apoio psicológico e emocional para a família

O câncer afeta toda a família. É fundamental que pais, irmãos e outros cuidadores também recebam suporte psicológico. Muitos hospitais e associações oferecem grupos de apoio, terapia individual ou familiar para ajudar a processar as emoções e lidar com os desafios do tratamento. 

Conversar abertamente, dentro do nível de compreensão da criança, sobre a doença e o tratamento pode diminuir a ansiedade.

Um estudo multicêntrico com pais de crianças com câncer identificou oito funções essenciais de comunicação que são vitais para construir relacionamentos de confiança e apoiar a família durante a jornada do tratamento. Isso reforça a importância de um diálogo aberto e empático com a criança e seus cuidadores, ajudando a diminuir a ansiedade e fortalecer o vínculo familiar.

Manutenção da rotina e educação

Na medida do possível, tentar manter a rotina da criança ajuda a dar uma sensação de normalidade e controle. 

Isso inclui a continuidade dos estudos, muitas vezes com apoio de tutores hospitalares ou programas de educação à distância. Brincadeiras e atividades lúdicas são importantes para o desenvolvimento e o bem-estar psicológico, mesmo durante o tratamento.

Rede de apoio e associações

Buscar apoio em associações de pais de crianças com câncer e outras organizações pode ser muito benéfico. 

Elas oferecem informações, suporte emocional, e em muitos casos, assistência prática (como transporte, hospedagem e acesso a medicamentos). Compartilhar experiências com outras famílias que enfrentam desafios semelhantes pode aliviar o isolamento.

Cuidados durante o tratamento

Durante o tratamento, a criança pode apresentar efeitos colaterais. É vital seguir rigorosamente as orientações médicas e nutricionais. Manter a higiene, proteger contra infecções e garantir uma alimentação adequada são aspectos cruciais para o sucesso terapêutico e para a qualidade de vida do paciente.

Lembre-se: cada criança e cada família reagem de uma forma única. Paciência, amor e resiliência são pilares nesse caminho. Nunca hesite em buscar ajuda profissional para qualquer dúvida ou dificuldade que surgir.

Onde buscar mais informações e ajuda?

Para pais, responsáveis e educadores que buscam aprofundar seus conhecimentos ou necessitam de suporte, diversas instituições de referência oferecem informações confiáveis e assistência. É fundamental sempre buscar fontes oficiais e especializadas em oncologia pediátrica.

  • Instituto Nacional de Câncer (INCA): principal órgão do Ministério da Saúde para o controle do câncer no Brasil. Oferece publicações, estatísticas e informações detalhadas sobre o câncer infanto-juvenil em seu portal oficial.
  • Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS): a OPAS, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), publica guias e diretrizes para a melhoria do diagnóstico precoce e tratamento do câncer infantil, como parte da Iniciativa Global contra o Câncer Infantil.
  • Hospitais e centros de tratamento especializados: grandes hospitais públicos e privados com departamentos de oncologia pediátrica são fontes de informação e oferecem o tratamento. Eles frequentemente têm equipes de suporte e programas educativos para pacientes e famílias.
  • Associações de apoio a crianças e adolescentes com câncer: muitas organizações da sociedade civil são dedicadas a oferecer suporte emocional, financeiro e prático às famílias. Pesquise por associações reconhecidas em sua região.

Sempre consulte um profissional de saúde qualificado para qualquer preocupação sobre a saúde de crianças e adolescentes. Este guia tem como objetivo informar, mas não substitui a avaliação e o acompanhamento médico.

[BOTÃO DE AGENDAR CONSULTA]

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.

Bibliografia

GREENE, B. L.; ROSENBERG, A. R.; MARRON, J. M. A Communication and Decision-Making Framework for Pediatric Precision Medicine. Pediatrics, 2024. Disponível em:https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/38505927/ . Acesso em: 24 jul 2025.

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