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Bolinhas entre os seios: o que podem ser e quando procurar ajuda médica

Você se arruma para o trabalho, passa o sutiã, e ajeita o decote: ali, exatamente no sulco entre os seios, surge uma pequena saliência arroxeada. Parece uma espinha, mas também não. Vem e vai há semanas, será que é algo sério?

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Começa assim: você se espelha para conferir o soutien e percebe aquela bolinha discreta. Às vezes coça, outras não. Às vezes fica vermelha, mas depois clareia. A dúvida permanece. As razões mais frequentes estão longe de ser alarmantes, porém exigem cuidado para não virar complicação. No texto abaixo, você confere possíveis causas, cuidados caseiros, sinais de alerta e como o médico confirma o diagnóstico.

Por que surgem bolinhas entre os seios?

A região do sulco ou espaço intermamário junta quatro fatores que irritam a pele: calor, umidade, atrito de tecido e pouca luz solar. Esse mix obstrui poros, abriga bactérias e facilita inflamações. 

As principais lesões nesse cenário são:

  • Foliculite: queda de pelos encravados após depilação ou microtraumas do esporte.
  • Sudamina ou "brotoeja profunda": as glândulas sudoríparas entopem e formam pequenos nódulos translúcidos.
  • Cisto sebáceo: acúmulo de queratina dentro do ducto. Cresce devagar, não dói e pode furar.
  • Lipoma: bolinha mole de gordura que desliza sob a pele, geralmente ≤ 2 cm.
  • Dermatite de contato: reação ao elástico do sutiã, ao níquel nos arames ou aos resíduos de sabão.
  • Hidradenite Supurativa (HS): é uma doença inflamatória crônica que pode causar bolinhas dolorosas e que vazam pus entre os seios. Se for recorrente ou deixar cicatrizes, requer avaliação médica. Sem tratamento adequado, pode levar à formação de fístulas e cicatrizes permanentes.

Condições raras incluem neurofibromas, tumores anexiais e metástases cutâneas. Elas costumam apresentar outras características (crescimento rápido, endurecimento, ulceração) e são exceção na prática clínica.

Embora raras, bolinhas ou inchaços na região entre os seios que não melhoram com tratamentos podem indicar infecções menos comuns. Adicionalmente, o câncer de mama, apesar de incomum nessa localização, pode se manifestar como uma massa palpável nessa área, exigindo investigação médica imediata.

Como diferenciar uma espinha comum de algo mais sério?

Não são todos os casos que exigem atenção médica imediata. Alguns deles podem ser facilmente tratados, mas alguns precisam e requerem certa atenção.

Características tranquilizadoras (mais de 90 % dos quadros)

  • Dimensão < 5 mm, simétrica, cor clara ou avermelhada leve.
  • Soma de sintomas: minhas dor ou coceira pontual.
  • Cicatriza em 3-7 dias com compressas frias e limpeza suave.

Sinal amarelo (avaliação médica em até 48 h)

  • Pus amarelado ou secreção com mau cheiro.
  • Bolinha dolorida ao toque leve que não melhora após 5 dias.
  • Febre baixa ou mal-estar difuso.

Sinal vermelho (atendimento imediato)

  • Veias vermelhas saindo da lesão (linfa inflamada).
  • Placa endurecida, fixa ou de crescimento acelerado.
  • Pele ulcerada, sangrando com facilidade ou formato de "couve-flor".

Tabela rápida de contraste

Característica

Foliculite/Sudamina

Cisto sebáceo

Possível infecção/inflamação grave

 

Tamanho

< 4 mm

5-15 mm

Cresce > 1 cm ou funde várias lesões

Cheiro

Nenhum

Olefina leve se romper

Cheiro fétido

Dor

Leve

Nula até inflamar

Forte, latejante

Tratamento

Higiene + compressa fria

Observar ou incisão

Antibiótico, drenagem, biópsia

Quais exames o dermatologista pode pedir?

A maior parte dos casos é diagnóstico clínico. Quando o quadro foge do padrão, o especialista recorre a:

  • Dermatoscopia de bolso: aumenta 10× e mostra padrões vasculares, estrutura de cisto ou crostas.
  • Ultrassom de alta frequência da pele: diferencia cisto sólido de líquido e mede espessura.
  • Cultura de secreção: identifica bactérias resistentes como MRSA e orienta antibiótico mais eficaz.
  • Biópsia excisional: encaminha o fragmento ao patologista quando há suspeita de tumor anexial ou de mama.

Exames de imagem da mama (mamografia ou ressonância) entram em pauta apenas se houver nódulo mamário associado ou histórico de câncer.

Há tratamento em casa que ajuda de verdade?

Sim, para lesões pequenas e sem sinal de infecção. O objetivo é reduzir atrito, secar oidade e manter flora cutânea em equilíbrio.

  1. Troca de sutiã: prefira algodão com 5–10 % de elastano, firmeza leve e aros maleáveis; evite espalhadores de metal.
  2. Banho diário com sabão neutro (pH 5,5). Enxágue bem para não deixar resíduo.
  3. Compressa fria de soro fisiológico por 10 min, 2× ao dia, para acalmar sudamina.
  4. Após o banho, aplique hidratante oil-free; evita obstruir poros. Ingredientes como niacinamida ou ceramidas ajudam a barreira.
  5. Se a bolinha estiver madura (pontinho branco), use gaze estéril ao invés de espremê-la: dê leve pressão lateral para não ferir tecido saudável; finalize com antisséptico.

Importante: não use pomadas antibióticas por conta própria por mais de três dias; uso empírico pode mascarar cultura e gerar resistência. Se não melhorar, marque consulta.

Dá para prevenir novas bolinhas?

Sim, com ajustes simples na rotina:

  • Lavar o sutiã após dois usos em clima quente; se suar muito, troque diariamente.
  • Dê preferência às versões sem costura ou com proteção de silicone na lateral.
  • Após atividade física, tome banho assim que possível; suor seco vira sal que gera microabrasões.
  • Depilação: hidrate 24 h antes e faça esfoliação suave 48 h depois para prender pelos mortos.
  • Controle de peso e tabagismo: ambos reduzem inflamação de todo o organismo, inclusive da pele.

Pessoas com doenças que baixam imunidade (diabetes descompensado, quimioterapia) precisam de acompanhamento dermatológico periódico e devem procurar médico antes que pequenas bolinhas escalem para infecção sistêmica.

Quando devo procurar um especialista?

Procure um dermatologista ou clínico de confiança se:

  • A lesão persiste por mais de 10 dias apesar dos cuidados.
  • Há recorrência mensal das bolinhas: isso pode ser um sinal inicial de Hidradenite Supurativa, uma condição que necessita de avaliação médica para evitar complicações como fístulas e cicatrizes.
  • Dor dificulta dormir ou vestir roupa.
  • Acompanhamento de febre, frio ou mal-estar generalizado.
  • Histórico pessoal ou familiar de câncer de mama ou de pele.
  • A bolinha ou caroço persiste e não melhora com os tratamentos, ou você percebe um inchaço incomum entre os seios.

Nas unidades de saúde, informe-se se há dermatologista na equipe da Estratégia Saúde da Família; nos planos de saúde, confira se o credenciado é especialista titulado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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