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Baixa testosterona feminina: causas e quando os sintomas merecem atenção?

Entenda o papel deste hormônio no corpo da mulher, identifique os sinais de desequilíbrio e saiba quando a avaliação médica é essencial.

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O dia a dia parece mais pesado. Aquele cansaço que não melhora com uma boa noite de sono se tornou constante, e a falta de interesse em atividades que antes traziam prazer, inclusive as íntimas, começa a preocupar. Se esse cenário soa familiar, a causa pode ir além do estresse e estar ligada a um desequilíbrio hormonal pouco discutido: a baixa testosterona feminina.

Um aspecto fundamental é o papel da testosterona na regulação elétrica cardíaca. Por exemplo, o intervalo QT cardíaco, que reflete o tempo de recuperação do coração, é naturalmente mais longo em mulheres do que em homens, uma diferença que só aparece após a puberdade. 

Isso sugere um papel importante da testosterona na saúde cardiovascular feminina. Que deve ser acompanhada de perto por um médico especialista.

Quais são os sinais de baixa testosterona feminina?

Embora seja frequentemente associada ao universo masculino, a testosterona também desempenha funções vitais no organismo feminino. Ela é produzida em equilíbrio por três fontes principais: os ovários, as glândulas adrenais e a conversão de hormônios precursores que ocorre em outros tecidos do corpo, como fígado, rins e músculos. 

Este hormônio atua na regulação do humor, da energia e da função sexual. Quando seus níveis caem, o corpo pode emitir diversos sinais. É importante observar que os sintomas são variados e podem ser confundidos com outras condições de saúde. 

Baixa testosterona feminina pode contribuir para manifestações inespecíficas, como aumento da fadiga, irritabilidade e distúrbios do sono, além de causar a redução do desejo sexual. Os mais comuns relatados em consultórios e pesquisas incluem:

  • Diminuição da libido: redução significativa do desejo e do interesse sexual.
  • Fadiga persistente: um cansaço e falta de energia que não melhoram com o descanso.
  • Alterações de humor: maior irritabilidade, ansiedade, sentimentos depressivos sem causa aparente e até declínio cognitivo.
  • Redução da massa muscular: perda de força e tônus muscular, mesmo com a prática de exercícios.
  • Aumento da gordura corporal: especialmente na região abdominal, com maior dificuldade para emagrecer.
  • Aumento do risco cardiovascular: a deficiência de testosterona, mesmo em níveis baixos, pode levar a um maior risco de doenças cardiovasculares.

O que pode causar a queda da testosterona feminina?

A produção de testosterona em mulheres diminui naturalmente com o tempo. No entanto, algumas condições e fatores de estilo de vida podem acelerar ou intensificar essa queda. Compreender as causas é o primeiro passo para um diagnóstico correto.

Causas naturais e fisiológicas

O principal fator é o envelhecimento. A produção hormonal atinge seu pico por volta dos 20 anos e começa a declinar gradualmente. Além disso, outros processos naturais influenciam:

  • Menopausa: a falência ovariana que ocorre nesta fase reduz drasticamente a produção hormonal.
  • Remoção dos ovários (ooforectomia): a cirurgia para retirada dos ovários interrompe uma das principais fontes de produção de testosterona.

Condições de saúde e medicamentos

Certas doenças e tratamentos médicos também podem afetar os níveis hormonais. É fundamental que o médico investigue o histórico de saúde completo da paciente.

  • Doenças das glândulas suprarrenais: problemas como a insuficiência adrenal podem comprometer a produção hormonal.
  • Uso de medicamentos: alguns medicamentos, como contraceptivos orais e corticoides, podem interferir nos níveis de testosterona.
  • Quimioterapia ou radioterapia: tratamentos oncológicos podem afetar a função dos ovários.
  • Obesidade: o excesso de gordura corporal pode aumentar a conversão da testosterona em estradiol (estrogênio), diminuindo os níveis do hormônio.

Como o diagnóstico de testosterona baixa é feito?

O diagnóstico nunca deve ser baseado apenas nos sintomas. A confirmação de níveis baixos de testosterona exige uma abordagem clínica cuidadosa, que combina a avaliação dos sinais com exames laboratoriais específicos.

O médico, geralmente um endocrinologista ou ginecologista, solicitará um exame de sangue para medir os níveis de testosterona total e livre. A interpretação dos resultados é complexa, pois os valores considerados "normais" podem variar conforme a idade e o histórico clínico da mulher.

Além disso, é necessário descartar outras condições que causam sintomas semelhantes, como:

Quando o tratamento é realmente necessário?

Esta é uma das questões mais debatidas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a única indicação cientificamente comprovada para a reposição de testosterona em mulheres é o tratamento do Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH) na pós-menopausa, após outras causas terem sido excluídas.

O uso indiscriminado de testosterona para outros fins, como ganho de massa muscular ou melhora da fadiga, não possui respaldo científico e pode trazer riscos à saúde. Efeitos colaterais como acne, aumento de pelos, engrossamento da voz e alterações no colesterol podem ocorrer.

Por isso, qualquer forma de tratamento deve ser rigorosamente prescrita e acompanhada por um especialista. A automedicação é extremamente perigosa.

É possível melhorar os níveis hormonais de forma natural?

Embora não substituam a orientação médica, algumas mudanças no estilo de vida podem contribuir para o equilíbrio hormonal geral e o bem-estar. Adotar hábitos saudáveis é sempre benéfico para a saúde.

Medidas que podem ajudar incluem:

  • Alimentação balanceada: priorizar alimentos ricos em zinco, magnésio e vitamina D.
  • Atividade física regular: especialmente o treinamento de força, que auxilia na manutenção da massa muscular.
  • Gerenciamento do estresse: práticas como meditação e ioga podem ajudar a regular o cortisol, um hormônio que interfere na produção de testosterona.
  • Sono de qualidade: dormir bem é fundamental para a regulação de todo o sistema endócrino.

Sentir-se cansada ou com a libido em baixa não é algo que você precise aceitar como normal. O mais importante é não ignorar os sinais do seu corpo. Investigar a causa com um profissional qualificado é o caminho mais seguro para recuperar sua qualidade de vida e bem-estar.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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