Ícone
InícioGravidezParto

Resuma este artigo com IA:

Ícone

O que é a ocitocina no parto? Saiba sobre o hormônio que conduz o nascimento

Ambientes calmos ajudam na liberação natural da ocitocina

o que é ocitocina no parto​1.jpg

Se você está se preparando para o parto, provavelmente já ouviu falar sobre a ocitocina. Frequentemente chamada de "hormônio do amor", essa substância desempenha um papel central não apenas nos laços afetivos, mas de forma crucial durante o trabalho de parto e a amamentação. 

Compreender o que é ocitocina no parto é fundamental para desmistificar o processo e se preparar com mais segurança e tranquilidade para a chegada do bebê. 

Esse hormônio, produzido naturalmente pelo corpo, é o grande responsável por coordenar as contrações uterinas, promover a dilatação e facilitar o nascimento de forma fisiológica.

Além de seu papel físico, a ocitocina também influencia o lado emocional, ajudando a reduzir o medo, aliviar a dor e fortalecer o vínculo entre mãe e bebê

O que é a ocitocina no parto e para que serve?

A ocitocina é um hormônio, uma pequena molécula produzida no hipotálamo, uma região do cérebro, e liberada na corrente sanguínea. 

Ela está presente em todas as pessoas, atuando na criação de vínculos sociais, confiança e empatia. Mas durante a gestação, o parto e o pós-parto a sua função se torna mais evidente e poderosa na vida da mulher.

O hormônio é o principal responsável por estimular as contrações do útero. São essas contrações rítmicas e progressivas que permitem a dilatação do colo do útero e, posteriormente, a passagem do bebê pelo canal de parto. 

Sem a ação da ocitocina natural, o trabalho de parto simplesmente não aconteceria de forma espontânea.

A ocitocina natural também atua no cérebro da mãe, promovendo sentimentos de calma, conexão e reduzindo a percepção da dor, o que ajuda a lidar com o estresse e a intensidade do processo.

Quando usar ocitocina no trabalho de parto?

Existe uma versão sintética da ocitocina, produzida em laboratório, que é quimicamente idêntica à natural. Ela é administrada por via intravenosa e de forma controlada, sendo uma das ferramentas mais comuns para a indução ou condução do trabalho de parto. 

Seu uso deve ser criterioso e restrito a situações médicas específicas, quando os benefícios superam os riscos.

De acordo com o Manual MSD e com informações da Revista Crescer, as principais indicações para o uso da ocitocina sintética são:

Indução do parto 

Quando é necessário iniciar o trabalho de parto artificialmente. Isso pode ocorrer em gestações que ultrapassam 41 ou 42 semanas, em casos de rompimento da bolsa sem início das contrações, ou quando há condições médicas que representam risco para a mãe ou o bebê (como pré-eclâmpsia ou diabetes gestacional).

Condução do parto 

Quando o trabalho de parto já começou, mas as contrações estão fracas, irregulares ou ineficazes, não promovendo a dilatação adequada do colo do útero. 

Nesses casos, a ocitocina é usada para aumentar a frequência e a força das contrações, ajudando na progressão do parto.

Prevenção de hemorragia pós-parto

Após a saída do bebê e da placenta, a administração de ocitocina é um procedimento padrão na maioria das maternidades para garantir que o útero se contraia vigorosamente, o que comprime os vasos sanguíneos e previne sangramentos excessivos.

O que a ocitocina faz no parto?

A ocitocina, seja ela natural ou sintética, tem efeitos diretos e vitais sobre o processo do parto. Sua principal ação é sobre o músculo uterino, mas seus efeitos vão além.

Ela corrige o trabalho de parto disfuncional, viabilizando um nascimento saudável via parto vaginal; diminui a taxa de cesárea e reduz o sangramento e a necessidade de transfusões sanguíneas.

A redução do sangramento é de extrema importância, já que de acordo com dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), a hemorragia pós-parto é a causa de ¼ de morte materna em todo o mundo.

Outros efeitos de utilizar a ocitocina podem ser visto a seguir:

  • Estímulo das contrações: essa é a função mais conhecida. Ela desencadeia contrações rítmicas e fortes
  • Promove a dilatação do útero: intensifica as contrações uterinas, promovendo o afinamento e abertura do colo do útero
  • Efeito analgésico e calmante: ajuda a mão a tolerar a dor do parto e confere maior conexão ao momento e segurança
  • Auxilia na expulsão da placenta: as contrações contínua estimuladas pela ocitocina ajudam o útero a expelir a placenta

Efeitos colaterais e prováveis riscos

O uso da ocitocina sintética não é isento de riscos e deve ser feito sob monitoramento rigoroso. Ao ser administrada de forma artificial, ela não segue o ritmo natural. Então deve ser usada com bastante critério e administrada aos poucos e gradativamente.

Se ela for aplicada de uma vez e em grande quantidade, leva a contrações mais intensas, longas e dolorosas (hiperestimulação) que a natural. Em casos raros isso pode contribuir para a diminuição do fluxo de oxigênio para o bebê.

aumento da intensidade das contrações também é um dos possíveis efeitos colaterais. O que pode levar a uma maior necessidade de administração de analgésicos.

A ocitocina sintética pode levar a ruptura do útero em mulheres com histórico de cirurgias, como a cesárea, mas isso é um caso raro de acontecer. 

Por esses motivos, quando a ocitocina sintética é utilizada, a frequência cardíaca do bebê e a intensidade das contrações devem ser monitoradas continuamente.

Fatores que influenciam a eficácia da ocitocina

A liberação de ocitocina natural é fortemente influenciada pelo ambiente e pelo estado emocional da mulher

Fatores como medo, estresse, frio ou a presença de pessoas desconhecidas podem inibir sua produção, liberando adrenalina e tornando o parto mais lento. 

Por outro lado, um ambiente calmo, seguro, com pouca luz e o apoio de pessoas de confiança estimulam a liberação de ocitocina, favorecendo a progressão natural do parto.

A ocitocina sintética age diretamente no útero, independentemente do estado emocional da mãe. No entanto, ela não atravessa a barreira hematoencefálica, ou seja, não produz no cérebro os mesmos efeitos de bem-estar, calma e conexão que a ocitocina natural. 

Estudos citados pelo Jornal da USP sugerem que a ausência da ocitocina endógena (natural) durante o parto pode interferir na formação do vínculo inicial entre mãe e bebê.

A ocitocina é a grande regente do parto. Entender seu funcionamento permite que a gestante crie as condições ideais para que seu corpo trabalhe em harmonia.

Permite também que compreenda as situações em que a intervenção médica com a ocitocina sintética se torna uma aliada para um desfecho seguro para ela e seu bebê.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Referências

COUTO, Juliana; LIMA, Vanessa (ed.). Ocitocina: como funciona o "hormônio do amor" no parto e na amamentação. Revista Crescer, 30 abr. 2019. Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2019/04/ocitocina-como-funciona-o-hormonio-do-amor-no-parto-e-na-amamentacao.html. Acesso em: 7 out. 2025.

MOLDENHAUER, Julie S. Indução do trabalho de parto. Manual MSD Versão Saúde para a Família, mar. 2024. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-feminina/trabalho-de-parto-e-parto/indu%C3%A7%C3%A3o-do-trabalho-de-parto. Acesso em: 7 out. 2025.

NUCCI, Marina; NAKANO, Andreza Rodrigues; TEIXEIRA, Luiz Antônio. Ocitocina sintética e a aceleração do parto: reflexões sobre a síntese e o início do uso da ocitocina em obstetrícia no Brasil. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, p. 979-998, out./dez. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/hcsm/a/75xJNDnKttfZThz4QWLJ44R/?lang=pt. Acesso em: 7 out. 2025.

OCITOCINA no trabalho de parto: o que é e como funciona? Revista Crescer, 25 fev. 2025. Disponível em: https://revistacrescer.globo.com/gravidez/parto/noticia/2025/02/ocitocina-no-trabalho-de-parto-o-que-e-e-como-funciona.ghtml. Acesso em: 7 out. 2025.

O QUE são ocitocinas? Jornal da USP, 21 dez. 2017. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/o-que-sao-ocitocinas/. Acesso em: 7 out. 2025.

RAMOS, Ana Caroline Ribeiro et al. O papel da ocitocina na humanização do parto: impactos fisiológicos e emocionais. Brazilian Journal of Health Review, São José dos Pinhais, v. 7, n. 4, p. e71628, 2024. DOI: 10.34119/bjhrv7n4-178. Disponível em: https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BJHR/article/view/71628. Acesso em: 7 out. 2025.

RUSSO, Jane A.; NUCCI, Marina Fisher. Parindo no paraíso: parto humanizado, ocitocina e a produção corporal de uma nova maternidade. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 24, 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/j/icse/a/Q9CWrhkFjsRGYryBYrj5ddG/?format=html&lang=pt. Acesso em: 7 out. 2025.

SOUZA, Rafaella de Petta. Estudo sobre o uso de ocitocina no trabalho de parto e o desfecho de parto. 2023. 32 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Fisioterapia) – Instituto de Saúde e Sociedade, Universidade Federal de São Paulo, Santos, 2023. Disponível em: https://repositorio.unifesp.br/items/3451e2be-0b01-4305-a003-de20305fc689. Acesso em: 7 out. 2025.

POSICIONAMENTO FEBRASGO contra o termo violência obstétrica. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, 4 abr. 2022. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/1435-posicionamento-febrasgo-contra-violencia-obstetrica. Acesso em: 7 out. 2025.

Ícone do WhatsAppÍcone do Facebook